HERANÇA DIGITAL: O Que é e Como Está Regulamentada no Brasil?
- Renata Vieira dos Santos

- 26 de set.
- 2 min de leitura
Com o avanço da tecnologia e a digitalização das relações sociais, afetivas e econômicas, surgiu um novo desafio para o Direito Sucessório: a herança digital. Você já parou para pensar no que acontece com seus dados, contas e bens virtuais após a sua morte?
A herança digital é um tema relativamente novo no ordenamento jurídico brasileiro, mas que tem ganhado destaque nos tribunais e na doutrina. Neste artigo, explicamos o que é herança digital, como ela pode ser tratada em vida e o que diz a legislação brasileira sobre o assunto.

O que é herança digital?
Herança digital refere-se ao conjunto de bens, conteúdos e direitos digitais que uma pessoa deixa após sua morte. Isso pode incluir:
Contas em redes sociais (Instagram, Facebook, Twitter);
E-mails;
Arquivos armazenados em nuvem (Google Drive, Dropbox);
Fotografias e vídeos digitais;
Criptomoedas e ativos digitais;
Canais monetizados em plataformas como YouTube ou Twitch;
Perfis em marketplaces (Mercado Livre, OLX);
Domínios de sites e blogs;
Carteiras digitais e contas em plataformas de streaming ou jogos.
A questão central é: esses bens podem ser transmitidos aos herdeiros, como ocorre com os bens materiais?
O que diz a legislação brasileira?
O Código Civil brasileiro não possui uma regulamentação específica sobre herança digital. No entanto, a sucessão de bens digitais pode ser analisada com base nos princípios gerais do direito sucessório e nos direitos da personalidade.
Além disso, o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) garante a proteção de dados pessoais e da privacidade dos usuários, mas não trata expressamente sobre o destino desses dados após a morte do titular.
Diante dessa lacuna legislativa, alguns tribunais brasileiros têm reconhecido a possibilidade de transmissão de certos bens digitais aos herdeiros, especialmente quando esses bens têm valor econômico como é o caso de criptomoedas ou canais monetizados.
Por outro lado, conteúdos ligados à intimidade e à vida privada como e-mails ou mensagens, podem exigir autorização judicial para serem acessados, em respeito ao sigilo e à dignidade do falecido.
Como proteger seus bens digitais?
Enquanto não há uma regulamentação específica, a melhor forma de proteger e organizar sua herança digital é por meio de planejamento sucessório. Algumas dicas incluem:
Elaborar um testamento que inclua orientações sobre suas contas e ativos digitais;
Listar senhas e acessos em um local seguro, ou utilizar serviços de cofres digitais;
Indicar uma pessoa de confiança como responsável pelo gerenciamento do seu legado digital;
Verificar os termos de uso das plataformas utilizadas, pois algumas permitem a designação de um "contato herdeiro" (como é o caso do Facebook e Google).
Considerações Finais
A herança digital é um reflexo da nossa vida cada vez mais conectada. Embora ainda não haja uma legislação específica no Brasil, é possível e recomendável adotar medidas para garantir que seu legado digital seja respeitado e administrado conforme seus desejos.
O tema exige atenção e, certamente, será objeto de futuras normas e decisões judiciais mais consolidadas. Até lá, o planejamento e a orientação jurídica adequada são os melhores caminhos para lidar com essa nova dimensão da sucessão.







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